Nosso sistema cardiovascular é dividido, de grosso modo, entre coração (a bomba) e os vasos sanguíneos, que são responsáveis por levar / dirigir nosso sangue até os diferentes órgãos de nosso corpo.
Você pode não saber, mas os vasos sanguíneos (mais especificamente sua parede) está envolvida na maior parte das doenças cardiovasculares que ouvimos todos os dias no rádio, televisão, etc.
Ao revestimento interno da parede dos vasos sanguíneos, damos o nome de endotélio vascular, e esta estrutura, com o envelhecimento e diversos fatores agressores sobre um processo chamado aterosclerose.
Mas o que é a aterosclerose?
A aterosclerose é um processo no qual há uma deposição e acúmulo de partículas de gordura (colesterol) na parede dos vasos sanguíneos (no endotélio vascular). Esse acúmulo, pode, em algum momento, levar a estreitamentos relevantes no calibre desse vaso, atrapalhando, desta forma, na principal função do vaso sanguíneo, que é direcionar nosso sangue, rico em oxigênio e nutrientes até nossos tecidos. Sabemos que a aterosclerose além de estar relacionada com o processo de envelhecimento, pode ser acelerada por várias outras condições: sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, hipercolesterolemia, apnéia do sono, dentre outras.
E como esse processo pode ocorrer em qualquer vaso de nosso corpo, os sintomas relacionados a aterosclerose dependem do local onde ele é mais predominante (cérebro, coração, vasos da perna, etc).
Quando a aterosclerose se apresenta nos vasos sanguíneo que irrigam o músculo cardíaco (artérias coronarianas), e ocorre uma obstrução significativa da luz do vaso, o músculo cardíaco (miocárdio) pode sofrer com a falta de oxigênio e nutrientes, processo conhecido como isquemia.
E como o coração precisa trabalhar mais quando realizamos algum tipo de esforço físico, esse processo é exacerbado nessas situações, fazendo com que os sintomas de isquemia miocárdica ocorram nessas situações.
Resumindo, a doença arterial coronariana é uma doença no qual há uma deposição importante de colesterol nos vasos coronarianos, levando a uma obstrução significativa da luz desse vaso e consequente sofrimento do músculo cardíaco, a chamada isquemia miocárdica.
E o principal sintoma relacionado a doença é a:
– Dor torácica: geralmente uma dor de intensidade moderada a importante, no meio do peito, com sensação de aperto, pressão ou queimação, que piora a realização de esforço físico ou estresse, e que melhora com o repouso.
Mas a dor torácica não é o único sintoma da doença. Mulheres, idosos e portadores de diabetes mellitus podem ter sintomas não típicos da doença, apresentando-se com falta de ar e/ou queixas inespecíficas como tontura, náuseas e vômitos, suor frio, mal estar, etc.
O diagnóstico da doença pode ser feito observando-se diretamente a placa de gordura, por meio de exames de imagem anatômicos como o cateterismo ou a angiotomografia de artérias coronárias; ou enxergando o “sofrimento” do músculo cardíaco (a tal da isquemia) por meio de métodos funcionais, como o teste ergométrico, a cintilografia miocárdica, o ecocardiograma de estresse ou a ressonância nuclear magnética. A escolha do melhor método deve ser individualizado para as características de cada paciente, a fim de realizarmos o diagnóstico com segurança e evitarmos casos de exames falso positivos, que geram ansiedade e custos para o paciente e a família.
Definindo-se o diagnóstico da doença, o tratamento passa por medidas gerais não farmacológicas, como orientação nutricional, reabilitação / atividade física, orientações sobre vacinação (importantíssimo) e gerais; e o tratamento farmacológico no qual todos os pacientes devem utilizar o ácido acetilsalicílico (aspirina) e medicação para colesterol (as chamadas estatinas), independentemente de ter ou não colesterol elevado.
Nos pacientes com sintomas mais importantes ou com alterações de alto risco nos exames realizados, pode ser indicado algum procedimento de revascularização miocárdica, ou por cateterismo (a chamada angioplastia com stent) ou cirúrgica (bypass coronariano ou cirurgia de ponte de safena).
Cirurgia de revascularização miocárdica com uso de enxerto venoso (ponte de safena)
A escolha por um dos métodos depende basicamente da complexidade das lesões coronarianas, da presença ou não de comorbidades (como o diabetes mellitus) e logicamente, da preferência do paciente.
Finalmente, o texto não visa esgotar o tema, mas ideia é informar ao paciente um pouco sobre sua doença e ajuda-lo no enfretamento da mesma.